quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Pranto





Hoje vou falar sobre meus sentimentos e me sinto um pouco estranho ao fazer este desabafo!
Parece-me estar em um palco, rodeado por olhares invisíveis... Juízes? Carrascos? Simplesmente amigos... Acredito piamente; Pois despir-me inteiramente, revelando minhas fraquezas, medos e frustrações é um tanto assustador!
Quem segue minhas postagens sabe que sou um romântico incorrigível e não quero me corrigir não, nem me desculpar por assim o ser, desejo mostrar como nesse momento sinto a falta de vivenciar o amor em sua pura essência!
Gostaria de dizer também que em sentido figurado, ouço muito sobre “cuidar do meu jardim”, “amar a mim mesmo acima de tudo”, “tudo tem sua hora para acontecer”... Sim! É válido e reconheço que estas frases, digamos “feitas”, tem seu respaldo e sentido inteiramente direcionados por experiências de outras pessoas e que se aplicam sobre outras tantas de forma consoladora e eficaz!
Eu gosto de mim, do meu jeito de ser, do meu modo de sonhar, do meu modo de agir quando possível em benefício a buscar meus próprios desejos!
Gostaria de entender o porque alguém como eu, que neste ponto, sem falsa modéstia, possuidor de tão bons sentimentos, vive sempre sozinho!
Eu procuro muitas respostas e não as encontro em nenhum lugar ou momento, passado ou atual!
Digo passado, pois, muitos poderão dizer que não se vive de passado... Concordo plenamente, mas ele é “presente” no presente, pois é a bagagem que faz a nossa história de vida!
E estar sozinho não é uma escolha minha! 
Existem pessoas que fazem esta escolha e são muito felizes em seu cotidiano, é uma forma de vida, seja escudo ou por vontade própria somente! Devemos viver de acordo com o que manda nosso estado de espírito ou mesmo uma filosofia que se segue ao pé da letra de modo que em nada se altere no dia-a-dia!
Sei das diversas formas de amor que existem e que estão ao alcance das mãos!
Mas falo do amor que pode existir entre duas pessoas, não creio que o homem ou a mulher foram feitos para viverem sozinhos, à margem de sua própria solidão!
Citando o tempo em sentido figurado, nos meus quase 43 anos, com descontos é lógico, só tive um relacionamento e no fundo foi mais um “engano” de minha parte! Tencionava viver um amor, paixão, ou relacionamento de namoro, seja lá que nome se queira dar, de uma forma tão necessitada que me entreguei de corpo e alma a uma pessoa que simplesmente usou meus sentimentos mais sinceros! 
Depois disso, o vazio... E não é dizer que devo me abrir, me permitir a novas vivências... Eu faço o que posso para preencher este vácuo que se formou em meu peito, este mesmo, que apesar de tudo é cheio de amor e carinho, tanto que me parece que vou explodir algumas vezes!
E não encontro quem deseja receber o que de tão bom trago dentro de mim!
Mas eu quero receber também, eu quero trocar estas energias que são tão importantes para o ser humano!
Já bati em muitas portas, já me humilhei, me deixei vencer pelo cansaço!
Sim, eu sou carente e muito, mas quando procuro razões para entender o que se passa comigo eu não encontro as explicações! Talvez elas nem precisem se fazer presentes, ou quem sabe... Alguém me dirá que sim!
O que vivenciei uma vez somente em minha vida e de forma tão negativa, não me serve de base para dizer que outras coisas boas estão para acontecer ou porque elas nunca acontecem!
Pode parecer negativismo, mas não... É uma realidade presente, pesada, sufocante!
Teoricamente sei que um simples namoro ou um relacionamento já com fortes alicerces envolve uma série de fatores que fazem parte naturalmente de qualquer relação: Brigas, ciúmes, desentendimentos e tantas outras coisas!
Mas eu desejaria viver todas estas tormentas, uma, duas ou quantas vezes fossem necessárias do que o nada!
O nada é muito triste!
Ao mesmo tempo em que você sabe que é digno, justo, idôneo e tem bons sentimentos, se perde por não encontrar a quem direcionar estas qualidades!
É como se você estivesse sentado em frente a um rio, vendo a água passar mansamente e nada se movesse ao redor, nem as folhas das árvores, até o silêncio dos pássaros que porventura estivessem presentes neste cenário desolador para uma alma que grita por algo que tanto deseja!
A dor é muito sutil, mas ao mesmo tempo muito forte, aguda... Não tem como descrever tal angústia!
Talvez para quem já viveu várias experiências ou vive atualmente, este texto pode parecer muito bobo e sem nexo! Poderão rir de mim e pensar que tolo eu sou... Talvez eu seja, mas na melhor das intenções! 
Quem escreve? Um adolescente? Não... Um homem que tem sentimentos!
As lágrimas marejam meus olhos, brotam espontâneas em minha face e não posso fazer nada!
Sou tão claro no que busco e é tão obscuro o que raramente tenho de retorno!
Não me envergonho de dizer que sangro internamente, o quanto peno imensamente por não poder amar e ser amado, ou, poder e querer amar... A quem?

Bruno Garcia

sábado, 9 de novembro de 2013

Estações





Quando a primavera sorriu para mim, me escondi qual criança assustada que se depara com situações inusitadas e me fechei dentro de um quarto escuro e nem sequer cogitei acender a luz para clarear minhas ideias e organizá-las! 
Quando chegou o verão, com seu calor escaldante, em que tudo se agita e o sangue aflora na face, o desejo de abraçar o mundo, de tudo conquistar, de alcançar o inimaginável...mais uma vez desci para o porão sombrio em que somente minha consciência habitava e não deixei ninguém ali penetrar, só uma pequena fagulha que "teimava" em clarear tudo e ensaiava tomar conta deste lugar abafado onde as lágrimas negavam o brilho dos raios do sol e impulsos naturais tão belos! 
Mas mesmo esse pequeno lampejo eu fiz questão de não se deixar alimentar e a fraca chama foi definhando pouco a pouco! 
Quando o outono chegou eu senti o vento frio e pela primeira vez me identifiquei com a natureza e vi as folhas de minha vida, dispersas pelo vento, serem varridas para algum lugar cinzento tal qual o céu nebuloso! Meus cabelos brancos e minhas forças começaram a faltar e não mais corri para o quarto escuro... para o meu porão sombrio! 
Eu sai às ruas e me deparei com tantas novidades, com uma vida que ainda não tinha vivido, que me dei conta de que estava perdido em um labirinto tão grande que mesmo tateando as paredes e rodando pelas imensas galerias parecia impossível encontrar a saída...estava no vazio e não clamei por ninguém! 
Como fugi de todos e de tudo só poderia contar comigo mesmo! E me dando conta de minha ignorância e falta de conhecimento de tudo, eu consultei meu coração, pois o mesmo, nem o medo poderia parar! 
E encontrei respostas favoráveis às minhas indagações de onde estou, como sou realmente e se ainda teria chances de recomeçar! 
Ele bateu descompassado, o que traduzi que se pode recomeçar do nada, mesmo que esse "nada" tenha durado praticamente uma vida inteira; Não se pode recomeçar todos os dias? Por que então não começar uma jornada jamais vivida? 
E não é fácil realmente, mas ter o mínimo de coragem para tentar me faz respirar mais aliviado, pois não posso recuperar a tonicidade de meus músculos pois meu corpo mudado e sem cuidados foi-se atrofiando... Mas ainda o tenho e se consigo me erguer e ficar em pé depois de tanto tempo, só espero que o inverno possa me aquecer, pois ele também é acolhedor como nunca e que a partir de então, todas as estações possam ser aproveitadas da melhor maneira possível! 

Bruno Garcia

sábado, 2 de novembro de 2013

Dubiedade




Caminhos que se cruzam e se distanciam; 
Palavras de amor que são ditas e se perdem no espaço; 
Sonhos não vividos que teimam em querer aflorar; 
Sorrisos distribuídos ao longo das avenidas; 
Chama que se apaga, mas que queima; 
Silêncio que responde a todas as questões; 
Coração aberto ao apelo do pulsar; 
Desenhos nas nuvens e estações delimitadas do amar.

Bruno Garcia